15 de janeiro de 2016

Como publicar um livro no Brasil?


Eu seria muito pretensioso se dissesse que tenho a intenção de responder a pergunta do título. Se você veio aqui para saber o segredo da publicação de livros em terras tupiniquins, tenho uma péssima e uma excelente notícia: não existe uma fórmula mágica a não ser conhecer as pessoas certas. E encontrar uma editora para te publicar é, de longe, a parte mais fácil do processo, desde a escrita até a divulgação.

Pensei que escrever seria a parte mais difícil, mas eu estava redondamente enganado. Concluí a primeira versão de Cela 108 há mais de um ano e o livro só será publicado agora. Nesse intervalo, além de revisar, corrigir e registrar o texto, passei algum tempo correndo atrás de uma editora. Achei várias que aceitaram publicar, algumas até de certo renome, o que foi bastante surpreendente.

No entanto, o sistema de publicação proposto por essas empresas é o que se chama de compartilhado. Na prática, o autor tem que desembolsar uma boa quantia para dividir os custos. Dessa forma, a editora não se arrisca imprimindo um livro que pode não se mostrar bem sucedido comercialmente. Os valores variam muito e entre as propostas que me foram feitas, ficaram entre 5 e 15 mil reais.

Quem não está disposto a desembolsar uma quantia tão expressiva - até porque isso isentaria a editora da necessidade de divulgar e vender sua obra, já que ela teria ganho do próprio autor - precisa recorrer a uma forma alternativa, como as editoras que se utilizam da impressão sob demanda, pois a maior parte das grandes nem aceita originais, e as que aceitam, sempre com muita burocracia, podem levar mais de um ano para dar um parecer, normalmente negativo.

Venho aprendendo sobre o mercado editorial desde que comecei a escrever. Já estou publicando meu primeiro livro e no meio do processo de escrita e elaboração do segundo e ainda não tenho a menor ideia de qual é o melhor caminho a se seguir nesse meio. Muito antes de finalizar o texto de Cela 108, eu já havia lido muito sobre o assunto, além de ter participado de debates, palestras e encontros com escritores.

Publicar um livro sendo um autor jovem, iniciante, desconhecido e principalmente sem contatos com pessoas influentes em editoras é um caminho árduo e ingrato. Por melhor que você seja, por mais que acredite em seu texto, tenha em mente que não vão te valorizar. Pensar que uma grande editora ou um agente literário importante vai te pinçar como uma agulha em um palheiro é pura ingenuidade.

No entanto, não estou dizendo isso para desencorajar ninguém. Escrever é um dom valioso e existem diversas maneiras de ser publicado, ainda mais em tempos de internet. Há formas gratuitas e pagas, e você deve escolher a que fizer mais sentido para sua proposta. Publicar um livro apenas em formato digital é uma alternativa muito viável para quem não pode despender de valores muito altos e quer priorizar a qualidade do conteúdo, por exemplo.

Buscar um financiamento coletivo é uma possibilidade excelente para quem possui uma boa rede de contatos e pretende amplificar a divulgação da obra além de angariar fãs antes mesmo da publicação. Sistemas de autopublicação se proliferaram na web nos últimos anos e podem ajudar o autor a dar o pontapé inicial na carreira literária. As editoras também são um jeito mais tradicional de colocar seu nome no mercado editorial, mas essa nem sempre é a melhor forma de fazer isso. Tudo vai depender de quais são seus objetivos e o que você espera com a publicação de seu livro.

O importante é nunca desistir, por mais clichê que essa frase seja. Afinal começamos a escrever porque gostamos. Dinheiro, reconhecimento ou popularidade podem ou não ser consequências do trabalho duro, mas a dádiva de fantasiar universos fictícios é inerente ao autor e isso nenhum mercado injusto pode tirar de nós.

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