14 de abril de 2015

Nos 70 anos de Ritchie Blackmore, contamos a história do guitarrista em 11 músicas


Um dos ícones da guitarra nos anos 70, Ritchie Blackmore ajudou a definir o hard rock setentista e a criar a mística quase sagrada em torno dos astros intocáveis do estilo. Com seus solos virtuosos que, ao lado de outros nomes, criaram o alicerce do heavy metal, ele buscava referências no blues, no rock ‘n’ roll dos anos 50 e até mesmo na música erudita. Agora, aos 70 anos de idade, ele repousa sobre seu legado como um dos guitarristas mais importantes da história. Prepare-se para um passeio pela história dessa lenda do rock!


Com apenas 18 anos, o jovem Ritchie Blackmore ingressou em sua primeira banda. O The Outlaws – não confundir com o grupo homônimo de country rock americano que surgiu no final da década de 60 – foi produzido por Joe Meek, um pioneiro da produção independente no cenário britânico. O grupo começou com uma sonoridade que remete à música do sul dos Estados Unidos, mas com a explosão dos Beatles, acabou seguindo para um lado mais pop e adocicado, com batida acelerada e músicas grudentas. “Shake With Me” é uma joia rara dessa fase da carreira de Blackmore, em que é possível notar sua destreza com a guitarra mesmo com a pouca idade e quase sem nenhuma liberdade criativa.

O Deep Purple foi originalmente concebido como uma banda instrumental que se dedicaria a jams como um verdadeiro carrossel de músicos em torno de uma sessão rítmica que daria base para os solistas alçarem voos incomuns na música pop. Entre a concepção e a realidade houveram mudanças de percurso, mas o espírito virtuoso e performático se manteve como mola propulsora do grupo desde seus primórdios. Essa característica fica evidenciada já em “And The Address”, faixa que abre o disco de estreia “Shades of Deep Purple”, de 1968, ainda com a primeira formação, que não é tão conhecida quanto deveria.

Outra música essencial na carreira de Ritchie Blackmore é “Wring That Neck”, peça instrumental que era executada com uma intensidade impressionante ao vivo. No palco, o guitarrista praticamente duelava com o tecladista Jon Lord, algo que se tornou marca registrada do Deep Purple em todas as fases da banda.

Ex-companheiro de Blackmore nos Outlaws, Mick Underwood tocou no Episode Six durante o final dos anos 60, onde conheceu o baixista Roger Glover e o vocalista Ian Gillan. Não demorou para que eles fossem apresentados ao guitarrista, que estava descontente com o rumo que o Deep Purple tomou em seus primeiros três álbuns e decidiu chamar a dupla para compor a nova fase da banda, que se tornaria a formação clássica do Purple. A primeira música composta por eles foi “Speed King”, que mostrou a que essa constelação veio e abriu as portas para diversos hits que a banda emplacaria no início dos anos 70, época mais prolífica do grupo.

No mesmo disco de “Smoke on the Water”, “Maybe I’m a Leo”, “Highway Star” e “Space Truckin’”, está escondida no meio do lado B o que pode ser uma das performances de estúdio mais inacreditáveis do Deep Purple. “Lazy” carrega em seus mais de 7 minutos um verdadeiro duelo de virtuosismo – e quem sabe não representou o auge da disputa de egos que tomou forma dentro da banda e foi causa de sua debandada quatro anos mais tarde – e a demonstração de que a técnica pode ser aliada do sentimento. Nas apresentações ao vivo, “Lazy” podia se estender por até vinte minutos em um espetáculo de solos e improvisações característicos do Purple.


O riff é uma das estruturas mais primitivas do rock e do blues, e se tornou um ponto fundamental no desenvolvimento do estilo, especialmente durante a década de 1970. Um dos grandes riffmakers – e, por que não, hitmakers – dessa época foi Blackmore, sendo sua obra mais conhecida “Smoke on the Water”, a faixa mais comercial do indispensável “Machine Head”. O que poucos sabem é que essa passagem tão icônica pode ter sido inspirada em uma música brasileiro. A semelhança entre a introdução de “Smoke” se assemelha muito à de “Maria Moita”, bossa de 1962, composta por Carlos Lyra e Vinícius de Moraes.

A evolução do som do Deep Purple acompanha a troca de vocalistas e baixistas que se seguiu na banda. Após a saída de Gillan e Glover, David Coverdale e Glenn Hughes acrescentaram uma veia groove pulsante e uma vertente mais próxima do funk que desagradaram o ortodoxo Ritchie Blackmore. Em 1975, as tensões internas e discordâncias musicais ficaram insustentáveis e o guitarrista decidiu deixar o grupo e criar o Rainbow acompanhado dos integrantes do Elf, banda que acompanhava o Deep Purple nas turnês desde 1972. Daí surgiu a

No disco seguinte, o Rainbow teve sua sessão rítmica substituída por uma formação de peso, contando com Cozy Powell (que tocou com Jeff Beck e ainda viria a tocar com Black Sabbath e substituir Carl Palmer no trio Emerson, Lake and Palmer) na bateria, Jimmy Bain no baixo e Tom Carey no teclado, mantendo apenas Ronnie James Dio nos vocais. A épica “Stargazer” é um dos pontos altos da carreira de Ritchie Blackmore.

As influências provenientes da música erudita já eram latentes nos solos de Blackmore, mas ficaram ainda mais aparentes no quarto álbum do Rainbow, “Difficult to Cure”, em que o guitarrista faz uma releitura genial da nona sinfonia de Beethoven em uma versão roqueira e visceral.

A onda de reuniões de bandas setentistas começou em 1984 com o Deep Purple voltando à ativa com a formação clássica. As tensões entre Blackmore e Gillan fariam o vocalista deixar o grupo novamente após dois álbuns, mas “Perfect Strangers” foi suficiente para a banda mostrar que ainda estava viva. O destaque fica com “Knocking at Your Back Door”.

Com o fim do Rainbow e a nova saída do guitarrista do Deep Purple, Ritchie Blackmore uniu forças à Candice Night, sua esposa e backing vocal do Rainbow, para formar o Blackmore’s Night. O duo de folk rock com influências da música clássica renascentista está na ativa desde 1997 até hoje, apesar de boatos sobre o retorno de Blackmore ao Purple sempre surgirem com força. Uma faixa essencial para começar a entender essa nova fase do guitarrista é a bela peça instrumental “Ministrel Hall”.

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