1 de março de 2015

Coruja Cult #2: Whiplash



O caminho para o sucesso na vida é bastante árduo. Em todos os sentidos. Como já dizia o ditado: o único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário. Tendo isso em mente, o filme Whiplash, um dos melhores filmes do ano de 2014, indicado a 5 Oscars (incluindo o de melhor filme, vencendo o de melhor mixagem de som) mostra uma curta trajetória na vida do jovem baterista de 19 anos, Andrew Neiman (Miles Teller), Obcecado por jazz, sonha um dia estar entre os melhores bateristas do mundo, assim como seu maior ídolo, Buddy Rich, eleito em 2014 o maior baterista da história.

Sua vida é o jazz. Tido por muitos como o estilo de música mais difícil de ser tocado,  exige muita dedicação, e empenho. Na sua escola de música, o fictício Conservatório Schaffer de Nova Iorque, Andrew se esforça o bastante para conseguir entrar na Studio Band, a big band oficial do Conservatório que faz apresentações pelo país. A partir desse momento, porém, enfrenta uma grande barreira: conseguir se superar de uma maneira extraordinária para poder conseguir se manter onde chegou.


Assim aparece Terence Fletcher (J.K. Simmons), como o grande vilão da história que exige a perfeição em cada compasso, em cada seção, em cada nota tocada pela banda que rege. O filme tem Fletcher como um de seus pontos de apoio, já que ele é o grande responsável pelas ações e emoções do protagonista. Isso se mostrou um grande acerto, uma vez que J.K. Simmons, indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante pelo papel, faz uma atuação extraordinária e mostra uma essência bem clássica de um aficionado, perfeccionista e exigente maestro. Nos momentos de conflito com Andrew principalmente, e com o resto da banda em geral, a genialidade do ator fica evidente.

Fletcher, para si, é como um grande desbravador do jazz. O estilo hoje em dia não é tão divulgado como outrora e, mesmo sendo igualmente apreciado, não possui uma grande referência. Um novo Miles Davis ainda não apareceu. Assim, o regente da Studio Band é capaz de tudo para fazer com que cada instrumento seja tocado com maestria, muitas vezes exagerando. Tal abuso de poder é um dos temas postos em evidência pelo filme, sendo Andrew Neiman o grande bode expiatório da história. Teller faz um trabalho excelente em sua pele.

Seu desenvolvimento, porém, é mostrado como sendo fruto de um árduo trabalho. Dedicação extrema e completa à arte da música. O baterista acaba abrindo mão de outros aspectos de sua vida como a relação enfraquecida com a família e a amorosa para seguir aprimorando suas técnicas na bateria. Mas nada parece bastar. Os incessantes ensaios de Caravans, Whiplash e outras músicas regem grande parte da trilha sonora do filme, regada a grandes arranjos de jazz e que dão uma atmosfera ao mesmo tempo inovadora e sombria à obra.

Whiplash também põe em questão a grande dúvida de todas: será que o sonho vale à pena? Ao exibir fatos chocantes na vida de Andrew, demonstra o quão importante é a música para ele, estar entre os melhores, ser um dos melhores da história. Uma pequena parcela de sucesso surge com grandes preços pagos, e grandes sacrifícios também.O trabalho de edição feito no filme foi um dos pontos altos da película. A câmera muitas vezes segue mudando quadros como o próprio ritmo muda de compassos, o que insere o telespectador dentro do contexto da trama e que entrega sensações diversas à percepção da música como um todo.

Whiplash é de tirar o fôlego. Imprevisível, marcante e muito rico. Por se passar no presente, é muito belo ver NYC sendo tomada novamente pelo estilo musical que uma vez já a tinha colocado como uma grande referência mundial, quando foi difundido. Rico em temáticas, sensações e particularidades que lhe atribuem um brilho especial. Assim como acontece com o próprio jazz.

Uma dica para você que ainda está em dúvida sobre assistir ao filme ou não, o vídeo abaixo é interessante, assim como uma busca por Buddy Rich.


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